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Olá, talvez você conheça meu trabalho, mas não faça ideia de quem eu sou. Tudo bem, sei que tem alguns aí de vocês que até tentam adivinhar com apelidos bem carinhosos. Bom, talvez alguns tenham passado perto, mas eu mesmo gostaria de me apresentar. Prazer, eu sou o Zandré, o criador do Cartunfólio!
Eu não gosto muito de falar de mim mesmo. Por isso vou por aqui embaixo uma transcrição da entrevista que dei para o Jô Soares quando fui ao seu programa. Infelizmente não tenho mais o VHS da entrevista porque deu bolor. Se alguém tiver manda pro meu e-mail, por favor. Mas tenho algumas fotos do dia.

                          
                                                                                     [Vinheta musical]



[Quarteto tocando uma música de elevador.]

Jô: Uooool.
Vou entrevistar ele que é professor de artes na rede pública de ensino. É bacharel e licenciado em Artes Visuais pela UERJ. É cartunista, chargista, caricaturista, transformista e blogueiro e também fez parte da última turma de artistas da revista MAD Brasil.  Zandré, vem pra cá!

            
                         [Quarteto tocando um Axé pesadão]


(Jô e Zandré se abraçam)


Zandré: - Nossa, que emoção, Jô. Tô muito nervoso, acho que até evacuei nas calças agora.
Jô: - Mas nervoso por quê? Quer beber alguma coisa pra relaxar?
Zandré: - Um café... bem forte, por favor...
Jô: - Alex, por favor, um café forte pra relaxar. Cocaína você não quer não?
Zandré: - Não, só o café está bom.
Jô: - Então, Alex só o café.
Alex: - Si, senhor Jô.


[Zandré contanto uma de suas várias peripécias]

Jô: - Zandré... Zandré... Esse é o seu nome mesmo?
Zandré: Não, não... Meu nome de verdade é Luiz André. Mas acho o Zandré mais sonoro... É curto, e graficamente fica legal numa assinatura.
Jô: - Tem alguma coisa a ver com numerologia, irmã do Gugu, macumba, pacto com Satã ou algo do gênero?
Zandré: - não, não eu não acredito nessas paradas não.
Jô: - Muita gente diz que você é ateu. É verdade mesmo? Você é ateu?
Zandré: - Então, Jô... Muita gente acha mesmo. Acho que é por causa das críticas que faço à religião. Mas minha crítica é sempre ao homem e a ideia que fazem de Deus. Enfim, eu não sou ateu não. Se sou, sou desse deus que troca bênçãos por dinheiro, vingativo e cruel. Mas aquele Deus amoroso, compassivo e misericordioso pregado por Jesus eu acho bem maneiro.
Jô: - Antes ateu do que atoa, não é?

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                                                          [Bira se mijando de rir da piada sem graça do Jô]


Jô: - Mas e essa história de publicar no Globo. Você já foi colunista do Globo?
Zandré: - he-he não, quase isso... Rs. Na minha adolescência eu participei de um concurso promovido pelo Jornal o Globo. Chamava-se "Concurso Cidadão do Futuro" ou algo do tipo. Estudantes de diferentes escolas poderiam enviar fotos, reportagens, textos e charges para a redação. E os premiados além de ganhar um computador teriam o seu trabalho publicado no jornal em um caderno especial. Eu ganhei por dois anos consecutivos. Fui até convidado para conhecer a redação. Foi bem legal ver meu trabalho publicado nas páginas de um jornal com o porte do Globo.

 

            [Charge premiada no Concurso Cidadão do Futuro do Jornal o Globo - 2002]

Jô: você também já publicou na MAD, né?
Zandré: sim, sim, mas isso já foi mais recente. Foi a realização de um sonho. A MAD foi uma grande referência de humor pra mim. Ver meu trabalho estampado lá foi uma imensa honra.
Jô: - Mas você não acha que ajudou a afundar a revista. Depois que você publicou lá a revista acabou.
Zandré: - É, pode ser, o Cartunfólio tem esse poder. Mas eu prefiro achar que a revista não acabou, ela só deu uma pausa. A publicação em papel é o futuro da informação, essa molecada que fica horas no tablet e celular não sabe o que está perdendo. Essas paradas devem dar até câncer! Já viu papel dar câncer? Ops... meu celular tá tocando aqui... desculpa... ah não, é o smartwatch, acho que ele sincronizou com o notebook que está em casa ou o com meu tablet que está no Camarim...


        [Zandré empunhando um exemplar da revista MAD]

: - Você disse que não é ateu. Qual a sua religião?
Zandré: - Eu nasci em um berço evangélico, fui criado na Assembleia de Deus, isso na época em que Assembleia tinha acento.  Muito do que retrato nas minhas tiras tem inspiração em coisas que vivenciei nos meus vinte anos que fui membro. Depois que conheci minha esposa passei a frequentar a Igreja Congregacional, uma igreja muito séria inclusive, onde encontrei muitos amigos e gente sincera. Mas hoje eu prefiro dizer que não tenho bandeiras, seja religiosas ou políticas. Rótulos restringem muito meu trabalho.


    [Jô se escangalhando de rir com uma anedota contada pelo Zandré. Infelizmente esta parte foi cortada na edição]


Jô: - E os evangélicos, o que acham das suas tiras?

Zandré: - o movimento evangélico não é uniforme. Existem uma gama de movimentos e denominações. Sem falar que estamos falando de indivíduos, cada um com sua fé pessoal. Por isso alguns curtem, acham graça, compartilham e outros ficam putos e desejam que minha alma vá para o inferno e eu seja comido de bicho.

Jô: - Como você enxerga a bancada evangélica no cenário político brasileiro?

Zandré: Eu enxergo com meus olhos mesmo, ahahhaha.


  [Ninguém riu]

(Silêncio constrangedor)

Zandré: É... bom... Se a bancada evangélica se importasse com valores verdadeiramente cristãos como a luta pela igualdade de direitos e justiça sociais aos mais pobres e minorias desassistidas eu até seria simpático. Mas não, eles buscam os seus próprios interesses e se fecham em seus guetos, sem falar na associação à bancada da bala e do boi. Além disso eu não acho que religião deveria se misturar com política. Acho que o Estado deve assegurar o direito ao exercício de fé de cada cidadão, sejam lá quais forem as fezes (plural de fé) mas nunca deve tomar partido por essa ou outra crença religiosa. Vivemos em um Estado laico, não é?

Jô: - Você tem partido político?

Zandré: - Deus me livre! Não, nunca tive. Como te falei, não gosto de bandeiras. Mas tenho posições políticas porque sou um ser político. Elas as vezes aparecem no meu trabalho. Por coincidência uma ou outra também são posições políticas de alguns partidos e grupos ideológicos. Mas não me vejo fechado em uma caixa com logotipo e cheio de santinhos.

Jô: - E de onde veio a brilhante ideia de criar o Cartunfólio, essa obra prima da humanidade?

Zandré: - Eu queria criar um portfólio online com meus trabalhos, por isso o nome Cartunfólio, ou seja um portfólio de cartuns. Isso foi em 2012. No começo não tinha esse enfoque crítico para política ou religião. Pra falar a verdade não tinha enfoque pra nada. Era bem solto, as tiras não tinham um formato certo e as piadas eram bem bostas... Não que hoje sejam lá grande coisa... Mas, com o tempo fui fazendo uma ou outra piada mais crítica e isso foi gerando visualizações, aí vi que o caminho era por alí...

Jô: - E já ganhou muito dinheiro com isso?

Zandré: - ahahhahah!



Zandré: - É... Bem... Não... Eu não ganho nada com o Cartunfólio. Bem, até agora não ganhei nada. Mas é uma questão de tempo. Depois que eu morrer talvez eu seja reconhecido e meus bisnetos fiquem ricos e eu ganhe um busto na pracinha da minha cidade para ser alvo de cocô de pombo.

Jô: - Então você faz isso de graça?! E você vive do quê?

Zandré: - Eu sou professor, dou aula de artes em escolas públicas...

Jô: - vou perguntar de novo. Você vive do quê?

Zandré: já disse, Jô. Sou professor de... Ah tá, entendi.


Jô: Por que em meio a tantas formas de se expressar você escolheu o humor?

Zandré: Então... você melhor do que ninguém sabe e conhece a potência do humor. Pode-se falar dos assuntos mais escabrosos que a risada atenua a gravidade daquilo que se fala. Daí, dá pra se falar de absolutamente tudo. O humor é como uma lupa. A gente aumenta, distorce a realidade e apresenta pro público. O público não ri da piada. O público que ri, ri da realidade aumentada e exposta. Riem do ridículo exposto. Da calça arriada. Me sinto alguém que abaixa a calça de uma situação e aponta para os outros darem risada. E rir sobre algo as vezes também te faz pensar sobre aquilo. Te chama atenção para um fato que sempre passou desapercebido. Acredito que essa seja minha missão no mundo. Denunciar a injustiça, o abuso, a agressão, a opressão e o opressor através do humor.

Jô: - E que história foi essa em que você lutou contra um urso jamaicano dentro de uma banheira de Nutella até perder um braço? Conta pra gente?

Zandré: - Como assim? Isso nunca aconteceu comigo?

Jô: - Claro que aconteceu. Tá aqui na pauta. Fala ai, vai!

Zandré: - Sério, eu nunca lutei com um urso... Muito menos numa banheira de Nutella.

Jô: - E esse braço aí é de madeira?

Zandré: - Que papo é esse, Jô? Eu nunca perdi um braço, Deus me livre! Como eu iria resenhar? Acho que se enganaram aí... Eu nunca...

                     
  [Jô frustrado depois de tentar em vão salvar a entrevista]


Jô: Eu conversei aqui com essa figura maravilhosa, o cartunista Zandré.

Zandré: - Mas já?

Jô: Se você quiser agente apresenta o Bem Estar, emenda com o programa da Fátima... Sei lá...

Zandré: - não, que isso. Foi um prazer, Jô! Muito obrigado pelo convite. Mas, Pô, pensei que a plateia ia fazer aquele famoso "aaaaaaah" no final da entrevista...

Jô: - Pois é... Eles só fazem quando gostam da entrevista... Pois bem! Boa noite e um beeeeijo do Gordo! Uoool!
 



  [Foto da Plateia no final da entrevista]

***




Zandré é Cartunista, mas já pediu perdão a Deus. 
Nasceu em 17 de novembro de 1984 em Itaboraí, passando boa parte de sua vida em Tanguá, ambos situados no Estado do Rio. Casado e pai de uma filha, Zandré faz tirinhas para internet desde 2012 quando criou o blog Cartunfólio. Sua página no Facebook já conta com quase 50 mil curtidas. Além de cartunista, é bacharel e licenciado em artes visuais pela UERJ. Leciona Artes em escolas públicas desde 2010. Segundo sua mulher ele também é muito bom de cama... e em carpintaria de modo geral.



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